Olá,



venho hoje contar duas abordagens que achei interessantes sobre como lidar com dinheiro no casamento. Pesquisei sobre esse assunto antes de decidir morar junto com meu atual marido (namorado na época), discutimos com cuidado, ajustamos o modelo de acordo com nosso perfil e até o momento, está tudo correndo muito bem e sem conflitos.

Chamo essas abordagens de juntos somos mais fortes e cada um na sua e o casamento continua. Sem enrolação, vamos falar sobre elas:

Juntos somos mais fortes: Nessa abordagem, deixa de existir o "meu dinheiro" e o "seu dinheiro" e surge o "nosso dinheiro".  Todas as despesas são pagas pela soma das receitas geradas pelo casal. Como o dinheiro pertence aos dois, as decisões sobre ele também devem ser tomadas em comum acordo. Para seguir essa abordagem, deve haver muita conversa, transparência e confiança. É preciso que o casal entenda o perfil de consumo um do outro, os seus projetos para o futuro e construam um planejamento sólido que atenda aos dois.

Na minha opinião, essa abordagem funciona somente para casais que tenham perfis de consumo parecidos, os dois gerem renda e já tenham uma relação saudável com o dinheiro.  Caso um dos dois for consumista, ou gere uma renda MUITO menor, o outro poderá se sentir prejudicado, já que ele(a) contribuirá muito mais para a saúde financeira do casal.

Apesar de tudo, essa abordagem traz vantagens e a principal delas é que, como as receitas são somadas, se torna mais fácil atingir um objetivo. Por exemplo, se os dois desejam comprar um apartamento, ou um carro, ou fazer uma viagem, já que os salários são somados, é mais rápido acumular dinheiro para realizar esses sonhos a dois do que sozinho(a). Pensando em investimentos e planos FIRE, os aportes mensais serão mais significativos. Em resumo, duas pessoas trabalhando em prol do mesmo objetivo é sempre melhor do que somente uma.

O livro do Gustavo Cerbasi chamado Casais inteligentes enriquecem juntos fala sobre essa abordagem e conta sua própria experiência ao utiliza-la no seu casamento. Recomendo.

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Cada um na sua e o casamento continua: Acredito que essa seja a abordagem mais comum, já que cada um cuida do seu dinheiro. À primeira vista parece ser mais simples já que não haverá uma discussão do que será feito com o dinheiro, mas pode complicar no momento de decidir o quanto cada um vai contribuir no pagamento das despesas e nos valores para planos de longo prazo. Muitas pessoas seguem o modelo em que cada um escolhe a conta que vai pagar, por exemplo, um escolhe a conta de luz e telefone, o outro o condomínio e geralmente aquele(a) que tem o maior salário paga as despesas maiores e o outro as despesas menores. Essa divisão de despesas pode ser prejudicial para aquele que tem renda maior, pois pode acabar contribuindo com uma proporção maior da sua renda do que o outro. Além disso,  já que cada um cuida do seu dinheiro, é muito mais fácil para o outro se despreocupar com as despesas que não estão sob sua responsabilidade (é bem mais fácil tomar um longo banho quente e relaxante se você não paga a conta de luz, não é verdade?).

Para sanar esse problema, é importante deixar claro que as despesas básicas (aluguel, condomínio, alimentação e outros ) e os possíveis planos em conjunto (como comprar  carro, imóvel, viagem entre outros) são do casal e os dois devem contribuir  de maneira proporcional as suas receitas. Seguindo esse modelo, se um casal em que um ganha 5.000 e o outro ganha 2.000 e eles definem que as despesas básicas devem alocar 50% da sua renda e 10% são destinados para os planos em conjunto, logo:

Para as despesas
5000 x 50% = 2500
2000 x 50% = 1000
Total: 3500

Para os planos em conjunto
5000 x 10% = 500
2000 x 10% = 200
Total: 700

Nesse exemplo, as despesas em conjunto não podem passar de 3500. E se passar? Então valor pode ser retirado do aporte destinado para os planos em conjunto (700) ou então cada um terá que contribuir a mais para o pagamento, sempre seguindo o modelo de contribuição proporcional. E os outros 40%? Cada um faz o que quiser. 

Essa abordagem pode ser interessante para casais que tem perfis de consumo muito diferentes, já que o consumista pode gastar sem se preocupar e o outro pode ver seu dinheiro protegido. Para tranquilidade em caso de divórcio, o regime de casamento deve ser separação total de bens. 

Depois das suas abordagens apresentadas, gostaria de dizer que elas somente são um direcionamento e não uma fórmula pronta: cada casal decide a melhor forma, fazendo ajustes que se adequem aos seus perfis. O mais importante é que o assunto seja debatido com honestidade e clareza. Futuramente farei um artigo explicando com detalhes como eu e meu marido lidamos com dinheiro, mas posso adiantar que ter essa conversa franca antes do casamento foi muito importante e me deixou muito mais segura em continuar com os planos de matrimônio.

Em breve nos veremos.

8 Comentários

  1. Assunto de primeira necessidade!

    Já vi tantos casais se separarem por motivos financeiros. A maioria das vezes um dos dois acaba gastando demais (quando não os dois) e isso rapidamente se torna endividamento, seguido por inadimplência e problemas que vão se tornando uma bola de neve, o final é sempre o mesmo: separação e vidas financeiras destruídas.

    Um relacionamento financeiro saudável com o parceiro é primordial!

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    1. Olá PI,

      eu acho impressionante que as pessoas conseguem namorar durante anos, decidem se casar e nunca falam sobre a vida financeira. E tudo poderia ser resolvido ( ou gerenciado ) se houvesse uma conversa franca e honesta.

      Abcs

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  2. Olá, 3F.

    Parabéns pelo post. Eu já li esse livro. É bem simples, mas eu comprei para a minha ex ler, mas acabou que ela não leu nada. E poucos meses depois acabamos nos divorciado por causa de incompatibilidade.
    Sorte sua e do seu esposo que são conscientes financeiramente.
    Um casal consciente financeiramente, por exemplo, tem tudo para dar certo.

    Abraços!

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    1. olá Cowboy,

      obrigada. O livro é realmente muito simples e por isso mesmo acho sensacional. Se os casais entendessem só o básico que aquele livro ensina já ajudaria bastante.

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  3. Finanças num casamento era para ser algo simples, porém sabemos que nem sempre é.

    Primeiro ponto: Casamento em regime de separação de bens, pra deixar claro que não há interesses além de construir uma vida com o/a conjuge.

    Segundo ponto: Casal com comportamento, forma de ver a vida e hábitos parecidos.
    Aquele negócio de que opostos se atraem pode até funcionar na questão visual, porém pra convivência e planos futuros é algo bam mais complicado de se lidar, então se a pareciera ou parceiro tem personalidade e planos similares facilita bastante.

    Porém penso que os relacionamentos descambam do ponto de vista financeiro por não haver confiança genuína entre o casal (não é fácil confiar em alguém) é uma relação construída dia a dia, que vai amadurecendo e na qual qualquer erro pode derrubar a confiança depositada em você. Então ser transparente e objetivo desde o início é fundamental.
    Nada de mentiras, exageros e enrolações.

    Fora isso a qualidade do relacionamento deve influir positivamente ou negativamente também nas finanças, o relacionamento deve ser maduro, casamento não é nada de outro mundo, mas não é uma brincadeira, deve-se respeitar o espaço do outro também e creio que esse é um desafio muitas vezes.

    Finanças são apenas ao meu ver a ponta de um iceberg. Quando falam que falta de dinheiro acaba com casamento, na verdade acreidito que o que acabou foram um conjunto de fatores antes e durante a crise financeira, são questões humanas.
    Portanto quem se relaciona com maturidade e respeito cria um cenário no qual as crises se instalam com mais dificuldade.

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    1. olá Anon,

      eu tendo a discordar do primeiro ponto. Eu estou casada no regime de comunhão parcial de bens e justamente por querer construir uma vida com ele, divido tudo: minhas alegrias, dores, vitórias, derrotas ... e também o dinheiro. Eu tinha um carro, e nossas economias foram todas gastas na entrada do apto e nos móveis, logo fica mais fácil dividir nada com alguém ( rsrsrs ). No entanto, entendo o seu ponto de vista principalmente em situações qdo um tem MUITO mais dinheiro do que o outro.

      No mais, concordo que a falta de confiança genuína afeta a vida financeira e, por fim, o casamento.

      Obrigada pelo seu comentário.

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  4. Muito bom o tema, 3F!

    Eu me lembrei de um texto que havia lido sobre os motivos de brigas de casais por dinheiro: https://economia.uol.com.br/financas-pessoais/noticias/redacao/2019/04/02/casais-brigas-gastos-dividas.htm

    Acho que a minha visão é que os arranjos conjugais são os mais diversos possíveis, funcionando de determinadas formas para certas pessoas e não funcionando para outras. Porém, sobre a questão das finanças, mesmo sem existir uma receita de bolo, me parece que você acertou em cheio sobre o item potencialmente mais importante: jogar limpo, com as cartas na mesa. Assim é possível tentar evitar uma surpresa desagradável.

    Abraço.

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    1. Oi Maximizador, obrigada!!!

      Exatamente! Cada casal deveria definir uma forma de lidar com o dinheiro. Eu e meu marido criamos o nosso modelo que nos atende perfeitamente ( acho que vou escrever sobre ele depois ), mas pode não funcionar com outro casal... e tudo bem.

      O importante é evitar a surpresa desagradável que mencionou.

      Abcs.

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